domingo, 24 de abril de 2011

Néctar

Espiando na janela
Pra ver chegar na hora certa
O encanto que em mim desperta
A vontade de catar.

De cantar no ar
De me jogar no mar
De cantar o cantar
Do pássaro a assoviar.

E me vem o prazer de ver
Ver a flor há florescer
E o beija-flor dela beber
O seu néctar do viver.

E assim sigo a viver
A cantar e florescer
Esperando na janela
Pra ver chegar na hora certa
Para o néctar beber.

Jonas Alves.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Ainda não acredito que me deixei levar por você, por seu jeito misterioso, pelo segredo escondido atras de seus olhos ou de seus cabelos.
Não sei como me fiz ficar assim, quase e completamente dependente de suas aparições, ficticio amor platônco onde sua figura figura todos os rostos que por mim passam, me fazendo vidrar os olhos em tudo que passa.
E você sempre parte, parte antes que eu alcance, que eu chegue até você. E você sempre aparece quando menos espero, quando minhas palavras nem sabem mais falar, quando meus olhos não sabem parar de mirar você. E é ai que o desejo consome as entranhas, onde o seu desejo se disfarça na delicadesa e calma com que falas. Mas, nem precisas falar uma vez que teus olhos se jogam encima de mim e me dilaceram. Você acabou com o amor que em mim jazia. Colocou sobre o túmulo a ultima rosa, a ultima folha, a ultima carta de uma historia de amor ja consumida pelas velhas brasas. Você trouxe ao túmulo a primeira rosa de um novo ramalhete, a primeira folha, o prólogo de novas cartas. Você me matou, ressucitou, intristeceu e alegrou. você despertou em mim o desejo de amar, o desejo de matar, o desejo de fugir, o desejo de trair. Eu nada seria se não tivesse conhecido vocês, isso é verdade. E que fique resistrado nesse prólogo de mais um relato de amor "- Meus amores, banais e verdadeiros amores, desculpem se as palavras não fazem jus a nossas historias, pois o que vivemos foi muito mais do que aqui poderei contar. O que vivemos foi vida, foi paixão, foi a flor que brota no jardim no primeiro dia da primavera, foram três vidas, foram tres pessoas, foi uma história, foi um amor".

Por Jonas Alves

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Prólogo de Uma Paixão

Era tarde, fria e sonolenta tarde, e decidimos sair e andar um pouco por entre as árvores do bosque que cercavam nossa casa.A densa neblina que cobria o topo das árvores tocaria logo o chão coberto de folhas secas e molhadas. Matéria orgânica na terra. Era outono.

Vestíamos casacos de pele, botas de couro, chapéus de caça comprados no estremo sul da Rússia. Andávamos de mãos dadas pela primeira vez em tantos anos.
Por entre as árvores, seguimos contando as antigas histórias de quando éramos jovens sonhadores. Jovens sonhadores, caçadores de recompensas estrelares e amantes dos atos errantes tão doce em nossas macias peles, em nossos rubros lábios.

Por entre sonhos, seguimos contando nossos passos, nossas vitórias sobre o mundo, sobre nossa travessia tortuosa pela imponente vida macabra dos rostos que, pintados, nos sorriram tantas vezes, e por trás, nos apunhalaram tantas vezes.
Por entre rostos, seguimos contando e lembrando daqueles que por nossa vida passaram. De todos que em nossa abençoada união, colocaram suas bênçãos, esperanças, que acreditaram que nós seríamos mais um dia, não mais um, mas aqueles que conseguiram.

Por entre árvores, sonhos e rostos nós seguimos, juntos, de mãos dadas, tão imponentes e intransigentes, grandiosos como o rei Sol. Nos juntamos a muito por acreditarmos que era possível viver, crescer, amadurecer, que era possível SER, verdadeiramente SER, o que tanto sonhamos ser, o que tanto desejamos ser. E o tempo nos diria.

E pelo tempo, aprendemos juntos que acabar é preciso, mas, não porque é o fim, mas porque o melhor de nós ainda está por vir, e que a parte que se encerrou foi só mais um capítulo de nossa longa história. O tempo nos mostrou que por mais que os outros tentassem, jamais destruiriam o que temos, pois como uma vez ouvi dizer “Para entender nosso amor, seria preciso virar o mundo de cabeça pra baixo”. E por mais que se tentasse vira-lo, ele jamais se curvaria diante a arrogância dos tolos.

Aos tolos, nossa maior platéia, ficam os agradecimentos por disseminarem nossa história. A nossa história, essa sim, escrita por nós, unicamente por nós, por nossas lembranças e doces momentos, fica um agradecimento especial a vida, ao
destino, a sorte, ao amor Divino, ou ao que quer que seja que tenha nos unido: sem essa força especial, estaríamos longe e infelizes procurando nossas metades em páginas da internet ou em cartazes nas ruas.

A você, meu amor, toda a minha felicidade. Que seja assim, de calmas e violentas ondas, de lágrimas e doces sorrisos, de emoções palpitantes e de amores dilacerantes. Que seja sempre seu meu melhor sorriso, meu mais puro olhar, que seja seu meu corpo e alma, minhas mãos e pernas, minha mente e boca. Que seja seu meu inteiro, metade que se completa com um beijo, que se enlouquece com um toque, que se mantém após a morte.

Que esse seja o prólogo de nossa história, de nossas vidas. Que seja esse não o melhor, mas o mais verdadeiro e cheio de amor que alguém já tenha lido.
E assim, por entre as árvores voltamos para casa, para nossa casa, de mãos dadas como nunca tínhamos feito antes, como dois loucos apaixonados. Ainda era tarde, fria e sonolenta tarde, quando voltamos por entre os as árvores do bosque que cercavam nossa casa. A densa neblina que cobria o topo das árvores logo tocou o chão coberto de folhas secas e molhadas. Matéria orgânica na terra. Era outono

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Você Já Vai Voltar

Quando o sol de cada dia entrar procurando por você
Direi que partistes que fostes para longe
E que aqui fiquei pra receber quem chega,
Para olhar a casa, para ver quem passa.

Se algum dia, no final da tarde
A dor cair em formas de gotas de chuva,
Vai ter sempre alguém de quem lembrar,
Alguém para visitar, alguém de quem
Se pode o amor tirar.

E enquanto os dias passam,
Sinto sua ausência num abraço
Dado no vento que lá fora passa.
Aqui fico, olhando os pássaros,
Regando seu jardim, olhando
Sempre o mar.

E no vento sinto
Seu cheiro passar,
A sua mão a me tocar,
Seu vestido a balançar.

E de casa corro,
Me atiro no mar e morro
Em meio as lágrimas sufocadas
Da despedida não realizada,
Do abraço não dado,
Dos beijos que não foram roubados.

E de lá grito aos céus
Os desejos de algum que ama
E as respostas vêm junto às ondas,
Que me atiram na areia como se fosse uma pobre concha.

Então pra casa volto
E me deito em seu sofá.
Enquanto a noite por mim passa
Adormeço sentado enfrente a casa,
Pois eu sei, e não posso me desesperar.
Você já vai voltar.

...

Por Jonas Alves.

domingo, 8 de agosto de 2010

Pai!

Preste atenção no que vou dizer agora.
Sei que não pode me ouvir, mas onde que esteja,
Saberás que minhas lagrimas escorrem por você.

Foi terrível ter que ver-te partir assim,
Tão rápido, quando ainda tinhas tanto a ver crescer,
Quando ainda poderias ver-me crescer.

Sei que em seus dias de já partida,
Olhavas-me, com os olhos em água, dormir.
Choravas, pois sabias que estava perto o dia.
Eu dormia por acreditar que o teria todo dia.

Lembro-me do quanto ri ao ti ver contar tantas
Histórias, ao ver-te trabalhar as poucas vezes que
Acompanhei-te. Eras o que me motivava a ser
Grande mesmo quando ser grande era algo muito distante.

Hoje, agora, sei que olhas por mim sempre,
E que estais aqui, vendo meus olhos mareados,
Minhas lágrimas molharem as teclas.
Sabes que minhas lágrimas correm por ti.
Por sua ausência que escolheu esse dia
Para se fazer presente.

Amo-te eternamente, por mais que
Nunca tenha demonstrado.
Sabes a enorme falta que sinto de
Ver-te entrar pela porta como todos
Aqueles dias alegres fizestes.

Sabes a enorme falta que sinto de dizer-te:
“- Pai?” e de ouvir-te responder em seu
Grave tom “-Sim Jonas?”
Sei que é meio tarde mas, agora digo:
Amo o senhor. E sempre o amarei.
E mesmo que não toque mais teus braços,
Sinto abraçar-me agora e dizer:
“- Não chore, estou aqui com você.”

...
Por Jonas Alves.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Há Dias

Há dias, junto pedaços, retratos,
textos amassados, embusca de compor um traço
como um regalo para massagear
o Ego e presentear o eterno ...

Há dias, miro o escuro,
busco o futuro,
fecho o punho na tentativa de esmurrar você
sem quê ou pq, desejando ainda você
sem ter nem por que.

Há dias, vejo o céu escuro,
e imagino você em apuros,
e fico pronto de certo para salvar seu ser,
sem saber de quê ou imaginar
porque vens me olhar,
enquanto o luar lá fora está,
e em meus olhos flutuar
no mar de águas a navegar
sem destino pra repousar...

Há dias vivo sem você,
e sofro por ser,
o ser que ama o pecado,
pecado de um simples regalo,
preso num quadro,
emoldurado de fato
para abençoar meus passos.

Há dias sofro por ser seu.
Sofres por ser meu.
Sofremos por ser de ambos.
Sofremos por amar o humano.

...
Por Jonas Alves.