terça-feira, 9 de novembro de 2010

Prólogo de Uma Paixão

Era tarde, fria e sonolenta tarde, e decidimos sair e andar um pouco por entre as árvores do bosque que cercavam nossa casa.A densa neblina que cobria o topo das árvores tocaria logo o chão coberto de folhas secas e molhadas. Matéria orgânica na terra. Era outono.

Vestíamos casacos de pele, botas de couro, chapéus de caça comprados no estremo sul da Rússia. Andávamos de mãos dadas pela primeira vez em tantos anos.
Por entre as árvores, seguimos contando as antigas histórias de quando éramos jovens sonhadores. Jovens sonhadores, caçadores de recompensas estrelares e amantes dos atos errantes tão doce em nossas macias peles, em nossos rubros lábios.

Por entre sonhos, seguimos contando nossos passos, nossas vitórias sobre o mundo, sobre nossa travessia tortuosa pela imponente vida macabra dos rostos que, pintados, nos sorriram tantas vezes, e por trás, nos apunhalaram tantas vezes.
Por entre rostos, seguimos contando e lembrando daqueles que por nossa vida passaram. De todos que em nossa abençoada união, colocaram suas bênçãos, esperanças, que acreditaram que nós seríamos mais um dia, não mais um, mas aqueles que conseguiram.

Por entre árvores, sonhos e rostos nós seguimos, juntos, de mãos dadas, tão imponentes e intransigentes, grandiosos como o rei Sol. Nos juntamos a muito por acreditarmos que era possível viver, crescer, amadurecer, que era possível SER, verdadeiramente SER, o que tanto sonhamos ser, o que tanto desejamos ser. E o tempo nos diria.

E pelo tempo, aprendemos juntos que acabar é preciso, mas, não porque é o fim, mas porque o melhor de nós ainda está por vir, e que a parte que se encerrou foi só mais um capítulo de nossa longa história. O tempo nos mostrou que por mais que os outros tentassem, jamais destruiriam o que temos, pois como uma vez ouvi dizer “Para entender nosso amor, seria preciso virar o mundo de cabeça pra baixo”. E por mais que se tentasse vira-lo, ele jamais se curvaria diante a arrogância dos tolos.

Aos tolos, nossa maior platéia, ficam os agradecimentos por disseminarem nossa história. A nossa história, essa sim, escrita por nós, unicamente por nós, por nossas lembranças e doces momentos, fica um agradecimento especial a vida, ao
destino, a sorte, ao amor Divino, ou ao que quer que seja que tenha nos unido: sem essa força especial, estaríamos longe e infelizes procurando nossas metades em páginas da internet ou em cartazes nas ruas.

A você, meu amor, toda a minha felicidade. Que seja assim, de calmas e violentas ondas, de lágrimas e doces sorrisos, de emoções palpitantes e de amores dilacerantes. Que seja sempre seu meu melhor sorriso, meu mais puro olhar, que seja seu meu corpo e alma, minhas mãos e pernas, minha mente e boca. Que seja seu meu inteiro, metade que se completa com um beijo, que se enlouquece com um toque, que se mantém após a morte.

Que esse seja o prólogo de nossa história, de nossas vidas. Que seja esse não o melhor, mas o mais verdadeiro e cheio de amor que alguém já tenha lido.
E assim, por entre as árvores voltamos para casa, para nossa casa, de mãos dadas como nunca tínhamos feito antes, como dois loucos apaixonados. Ainda era tarde, fria e sonolenta tarde, quando voltamos por entre os as árvores do bosque que cercavam nossa casa. A densa neblina que cobria o topo das árvores logo tocou o chão coberto de folhas secas e molhadas. Matéria orgânica na terra. Era outono

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Você Já Vai Voltar

Quando o sol de cada dia entrar procurando por você
Direi que partistes que fostes para longe
E que aqui fiquei pra receber quem chega,
Para olhar a casa, para ver quem passa.

Se algum dia, no final da tarde
A dor cair em formas de gotas de chuva,
Vai ter sempre alguém de quem lembrar,
Alguém para visitar, alguém de quem
Se pode o amor tirar.

E enquanto os dias passam,
Sinto sua ausência num abraço
Dado no vento que lá fora passa.
Aqui fico, olhando os pássaros,
Regando seu jardim, olhando
Sempre o mar.

E no vento sinto
Seu cheiro passar,
A sua mão a me tocar,
Seu vestido a balançar.

E de casa corro,
Me atiro no mar e morro
Em meio as lágrimas sufocadas
Da despedida não realizada,
Do abraço não dado,
Dos beijos que não foram roubados.

E de lá grito aos céus
Os desejos de algum que ama
E as respostas vêm junto às ondas,
Que me atiram na areia como se fosse uma pobre concha.

Então pra casa volto
E me deito em seu sofá.
Enquanto a noite por mim passa
Adormeço sentado enfrente a casa,
Pois eu sei, e não posso me desesperar.
Você já vai voltar.

...

Por Jonas Alves.

domingo, 8 de agosto de 2010

Pai!

Preste atenção no que vou dizer agora.
Sei que não pode me ouvir, mas onde que esteja,
Saberás que minhas lagrimas escorrem por você.

Foi terrível ter que ver-te partir assim,
Tão rápido, quando ainda tinhas tanto a ver crescer,
Quando ainda poderias ver-me crescer.

Sei que em seus dias de já partida,
Olhavas-me, com os olhos em água, dormir.
Choravas, pois sabias que estava perto o dia.
Eu dormia por acreditar que o teria todo dia.

Lembro-me do quanto ri ao ti ver contar tantas
Histórias, ao ver-te trabalhar as poucas vezes que
Acompanhei-te. Eras o que me motivava a ser
Grande mesmo quando ser grande era algo muito distante.

Hoje, agora, sei que olhas por mim sempre,
E que estais aqui, vendo meus olhos mareados,
Minhas lágrimas molharem as teclas.
Sabes que minhas lágrimas correm por ti.
Por sua ausência que escolheu esse dia
Para se fazer presente.

Amo-te eternamente, por mais que
Nunca tenha demonstrado.
Sabes a enorme falta que sinto de
Ver-te entrar pela porta como todos
Aqueles dias alegres fizestes.

Sabes a enorme falta que sinto de dizer-te:
“- Pai?” e de ouvir-te responder em seu
Grave tom “-Sim Jonas?”
Sei que é meio tarde mas, agora digo:
Amo o senhor. E sempre o amarei.
E mesmo que não toque mais teus braços,
Sinto abraçar-me agora e dizer:
“- Não chore, estou aqui com você.”

...
Por Jonas Alves.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Há Dias

Há dias, junto pedaços, retratos,
textos amassados, embusca de compor um traço
como um regalo para massagear
o Ego e presentear o eterno ...

Há dias, miro o escuro,
busco o futuro,
fecho o punho na tentativa de esmurrar você
sem quê ou pq, desejando ainda você
sem ter nem por que.

Há dias, vejo o céu escuro,
e imagino você em apuros,
e fico pronto de certo para salvar seu ser,
sem saber de quê ou imaginar
porque vens me olhar,
enquanto o luar lá fora está,
e em meus olhos flutuar
no mar de águas a navegar
sem destino pra repousar...

Há dias vivo sem você,
e sofro por ser,
o ser que ama o pecado,
pecado de um simples regalo,
preso num quadro,
emoldurado de fato
para abençoar meus passos.

Há dias sofro por ser seu.
Sofres por ser meu.
Sofremos por ser de ambos.
Sofremos por amar o humano.

...
Por Jonas Alves.

domingo, 1 de agosto de 2010

Tinta, papeis, histórias...

Às vezes, a tinta da caneta, com a qual
Escrevemos a historia da nossa vida, falha.
Assim, restam frases inacabadas,
Paragrafos incompletos, história sem um final.

A nós, cabe apenas ter paciência
E esperar que algum dia ela volte
A terminar os rabiscos tão cheios de
Vida que um dia sorriram
Nesse papel em que escrevo.

É uma pena que seja possivel
Pensar em esquecer todos os
Dias que sorrimos lá fora
Com o sol e os pássaros, as flores no pasto...

É, talvez seja hora de aceitar
Que, como tudo nesse mundo,
Coisas boas devem acabar.
.....

Por Jonas Alves

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ninguém nunca está só.

Eu não tenho muito tempo,
Então serei breve.

Tenho observado você dormir todas as noites
Desde que aqui cheguei e encontrei você,
Sempre só, sempre só. Assim como eu.
Era tarde de novembro quando olhei-te pela
Primeira vez debaixo das árvores no parque,
Lendo romances, romances com os quais sempre
Sonhou um dia estar presente como personagem principal.
Pena o seu par estivesse sempre com máscaras.
Nunca teve um rosto, talvez porque ele nunca tivesse existido.

Às vezes,enquanto dormes, lágrimas rolam por seu rosto.
Talvez sejam frutos de um sonho ruim, ou até mesmo de
Uma lembrança de algo que não aconteceu.
Então, cuidadosamente, seguro a manga de minha camisa
E suavemente enxugo uma a uma.
Suavemente sua expressão muda. Agora sei que
Não tem mais pesadelos.

Todo esse tempo tenho acompanhado você
Aonde quer que você vá. Eu sei que você me sente
E sei que fica feliz por não se sentir só.
Mas eu queria mais que isso.
Queria poder te dar o abraço que tantos negaram,
As flores que sempre murcharam antes de te verem,
Ser o motivo de suas risadas tão já cobertas de poeira.
Ser o amor tão desejado nas lembranças de seu quarto.
Queria que você apenas pudesse me ver.

Pena nada seja tão fácil.
Pena dois mundos, dois extremos tão diferentes
Nos separem agora e, talvez, para sempre.
Mas se você realmente pode me sentir,
Sabe que nunca deixar-te-ei em meio
As sombras da escuridão dos dias
Que se seguem enquanto não posso ter você.

Estarei aqui enquanto você permanecer aqui.
Amarei você enquanto você puder me sentir, e
Sei que sente.
Partirei enfim quando já não mais restar traços
De sua existência, e que isso não aconteça, pois
Não ha vida se não respiras,
Não ha alegria se não sorrias,
Não há anjo se não há protegido,
Não haverá amor se tiveres partido.

E assim, encerro meus desejos para ti.
O jasmim que sentes agora
Vem do jardim que plantei lá fora;
A ventania que passa vem dos muitos
Beijos que mandei.
E se chove lá fora,
Sou eu que choro de felicidade por saber que me amas.

....
Por Jonas Alves

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O maravilhoso risco de amar


De tempos em tempos,
Encontramos alguém para quem
Destinamos todas as cartas de amor,
E como já dizia o poeta...
“– Todas as cartas de amor são ridículas” (...)

Assim, passamos boa parte de nossas vidas
Debruçados nas janelas das altas torres
De cartas de amor do nosso imenso
Castelo intitulado Ridicularismo,
Na espera de que algumas dessas sejam
Respondidas, ou ao menos lidas pelos destinatários.

Um dia acordamos e, ao olhar por essa janela,
Vemos-nos tão perto da certeza de uma resposta
Que até esquecemos que o amor não é digno e todos,
Ou melhor, que nem todos são dignos do amor.
Em outros dias, as colinas estão distantes demais,
As nuvens altas demais, o quarto pequeno demais,
Que pensamos em não amar mais.

Porém, quando se ama uma vez,
Por mais rápido que seja, ou qualquer coisa que seja,
Não se esquece jamais.
O amor é uma droga, que deveria ser proibida,
E mesmo assim, não adiantaria.
Pagaríamos o preço que fosse por correr
O maravilhoso risco de amar.

Alguns amores vêm como o
Vento do leste em noites quentes de verão;
Outros vão-se como a chuva que desce colina abaixo;
Têm ainda os que vão e vem como
O dia e a noite; ouros insistem em mudar como as estações.
Cada um possui sua particularidade, seu momento,
Mas todos são iguais: são amores, indesejáveis e ainda sim maravilhosamente amores.
E com o tempo aprendemos que por mais que se deseje
Matá-lo ou esquecê-lo, de nada adianta. Só o esforço para
Não pensar, nos lembra que temos que esquecê-lo.
Matá-lo, “hum”, por mais que se mate um amor
Ele surge ainda mais forte e com argumentos que
Nos deixam sem respostas, que limitam nossos atos
Que nos permite roubar um beijo, que nos amolece a carne
Que nos rubram as faces, que esquentam nossos corpos,
Que... que... que..

Aqui, encerro esta minha carta repleta de parágrafos que,
Como tantos outros que já escrevi, são ridículos.
Cartas de amor são ridículas, como já dizia o poeta.
E ainda assim estamos destinados a passar nossas pobres vidas
A escrevê-las a cada dia que se passa.

                                     ....

Por Jonas Alves.

sábado, 12 de junho de 2010

Isabel - 3

A música vinha de uma sala vazia
A não ser pela presença de um belo piano de cauda
De mármore branco como a neve.
A melodia era triste, mas o son era
Doce ao ponto de embreagar-me como um copo de vinho.

Cada nota ficava mas grave a medida que
Eu me aprooximava da porta.
Ao entrar na sala a música parou.
Não conseguia ver que tocava
Pois estava tudo muito claro com a luz
Do sol que entrava pela imensa janela de vidro.

Então, a música voltou a tocar do exato ponto
Em que parara, como se o tempo de
Silêncio fosse o suficiente para
Reconhecer-me.
A medida que eme aproximava mais do piano
Começava a destinguir as formas no claro da luz.

A bela jovem que tocava divinamente
Clair de Lune usava um lindo vestido branco
E sapatos vermelhos cor de sangue.
Seus cabelos terrosos balançavam assim como a cortina
Balançava com o vento.
Ela sorria ao me ver reencostado na grande porta.
Seu sorriso era magnífio, e a deixava ainda mais bela.

Tudo estava em perfeita sincronia: Eu, Ela, o Piano.
Até que as notas ficaram mais graves e
A sala começou a girar.
As luzes piscaram e a neblina tomou conta de tudo.

Quando dei por mim, a linda jovem
Estava em minha frente com a mão estendida em minha direção.
-" Venha, quero lhe mostrar quem sou.
Você precisa me conhecer para poder me ajudar".
A linda jovem já não era tão linda assim.
Seu rosto e vestido respingados de sangue.
Seus olhos sem nenhuma expressão.
Peguei sua mão e segui com ela pela sala iluminada.

Com o passar dos dias, os sonhos
Com a linda Isabel ficavam mais expressivos,
Assustadores e rotineiros.
Agora, estava mais do que claro que ela
Queria minha ajuda para algo.
Só não sabia se eu estava realmente disposto a isso.

                               ....

Por  Jonas Alves.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Interpretação

Hoje, o mar não tem forças pra arrastar a areia da praia.
O sol não brilha como de costume no verão.
A ar parece que vai sumindo com o tempo.

O tempo.
Com o  tempo tudo passa. Mentira.
O tempo desfoca do centro das atenções
As angustias, o sofrimento, o erro.
Ai, quando mais precisamos do tempo,
Quando colocamos nossa cabeça no travesseiro,
Parece que o tempo também vai dormir,
E tudo que foi desfocado volta.

A volta.
Nada volta a ser como era antes.
Nós imaginamos e desejamos que tudo volte.
Mas nada será o mesmo.
Pois, quando tudo não passar de um retrato
Tirado nos bons momentos,
Será só isso que iremos ter.

O que iremos ter.
Além da lembrança daquele único dia de sol
No inverno,  tudo será esquecido um dia.
Mas, será nessas horas, em que estamos
Só no quarto, seja antes de dormir ou
Em qualquer outro momento,
Que tudo nos voltará como um filme.

O Filme.
Nele, tudo passará de fato.
Iremos ver, o quanto fomos felizes,
O quanto erramos e como aprendemos com os nossos erros.
Será ai que olharemos cada ato e momento
E  iremos perceber que de fato fomos felizes todo o tempo,
Só não demos a devida importância.
E surgem as pistas de que podemos ser feliz.

Ser feliz.
Quando o sol sorrir novamente,
Tire mais do que uma simples fotografia,
Retribua seu sorriso, abra os braços
Para seus raios, faça um esforço mesmo
Que isso lhe custe uma vida.
Tudo vale a pena pra ser feliz.
E  quando você estiver lá, lá na frente,
E decidir por qualquer motivo olhar para trás,
Você vai ver o quanto foi feliz, o quanto
Sorriu para o Sol e o quanto a vida sorriu pra você.


Histórias,  bebidas, sorrisos...
E afetos em frente ao mar, será isso
O que nos manterá vivos: LEMBRANÇAS.

____

Por Jonas Alves

Texto feito a um tempão já....`
É, eu acho que chovia aki quando escrevi ....

sábado, 17 de abril de 2010

Analise do Ato

O que seria o ato se não
A realização do ato pelo próprio ato,
A vontade realizada,
O desejo consumido pelo beijo,
O encontro dos corpos sedentos de...

Prazer, satisfação, seria esse o ponto final.
Não, não se para no prazer.
Se começa no prazer.
"... O prazer é todo meu..." se diz ao conhecer alguém..
Pode ser seu, pode ser de ambos
Quando há o encontro dos corpos sedentos de...

Sentimentos... Ah, sim, ainda se fala neles.
Como seria bom provar do seu veneno,
Oh estranho que certa noite invadiu meus
Sonhos e roubou-me um beijo...
Como seria sentir seu toque..
Como seria tocá-lo...
Como seria sentir seu corpo sedento de...

Amor. É o que nos move.
Não, não nos move sempre.
Ele pode iludir, mostrar a verdade...
Pode transformar-se em puro ódio, amor a primeira vista.
Pode levar-nos a loucura, a sanidade dos fatos.
É ele também que pode aproximar
Os corpos sedentos de...

Pecado. Doce pecado.
Existem muitos em busca de cometê-lo,
Mas, poucos com coragem o suficiente
Pra encararem as consequências.

Não se deve ver o mal, ouvir o mal, falar o mal...
Mas e fazer o mal?
Não se pode, vê-lo, ouvi-lo ou falá-lo, já fazê-lo....

Não não, seria errado cometê-lo... Por isso eu juro solenimente não mais realizá-lo. Juro solenimente mas....

Mas pra falar a verdade, às vezes eu minto.
Perdão...




____


Por Jonas Alves

domingo, 4 de abril de 2010

As luzes da cidade

Sua boca estava molhada,
Seus olhos parados a me olhar...
Seus estímulos me chamavam pra perto
E minha intuição gritava através da minha pele.

Eu sabia que você queira.
Você  sabia que eu queria.
Nós sentíamos o que estava acontecendo,
Mas disfarçávamos, meio sem jeito, mas
Disfarçávamos.

Foi ai que aconteceu...
Nos juntamos  num beijo,
Num único toque.
Sua boca era a água...
Eu era o eremita que caminhava
A dias no deserto...

Foi   como tocar o fogo
E sentir o prazer em ser queimado...
Foi como provar do pecado
Esperando o castigo...
As luzes na cidade piscavam,
Enquanto o único brilho que eu via
Vinha dos seus olhos.

Não era errado querer mais...
Não era errado insinuar mais..
Era errado esconder  o desejo...
Era errado reprimir a vontade...

A noite terminou com um adeus
Que se resumiu em "Até logo".
Eu fui embora, você foi embora...
Mas estávamos ligados..
Com certeza estávamos ligados.

                         ...

Por Jonas ALves.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Era sábado

Era sábado se eu não me engano.
Chovia nesse dia. Estávamos entrando no outono.
Dentro do carro estava quente e confortável.
Eu dormi.

A noite chorava, chorava lágrimas de diamantes...
De dia lágrimas, a noite amantes....
Mas amante de quem, amante do que?

Não se sabe ao certo pra quem escrevo a canção,
Que mesmo tendo tocado na hora errada,
Ou mesmo que não tenha tocado,
Ficou subentendida no seu olhar escondido...
Na sua vontade retraída...
Nos momentos de silencio.

Músculos retraídos, e relaxados...
Eu sinto sua mão em meu pescoço...
Seu nariz está gelado por conta do frio que a chuva trás...
Meu corpo está quente, como de costume....

Pena tudo não passasse de um sonho...
Acordava eu, encostado no banco do carro...

Em casa, mas uma vez, me dirige a mim mesmo
Diante do espelho, onde uma vez você me disse que
Eu  o encontraria.
E como de costume, estou sozinho.

Era sábado se eu não me engano.
Chovia nesse dia. Estávamos entrando no outono.
Dentro do quarto estava quente e confortável.
E lá eu ia mais uma vez sonhar com o beijo que não aconteceu.

                                            ...

Por Jonas Alves.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Desejo

Seria pecado deleitar-se em alguém,
Saciar-se do outro, como se estivesse
No deserto desejando por água, buscando
Sabe-se lá o que, caminhando sabe-se
Lá por onde.


O que seria a busca pelo saciar-se
Se não o desejo de se completar
Com algo que se ausenta, e que é
Encontrado em outros, ou em tantos
Outros, ou até mesmo em um único ser;
Como juntar as duas faces da moeda,
Os dois lados da vida, para formar
Um único mundo.

O que seria completar-se
Se não o desejo de ser inteiro
Único e absoluto diante dos demais incompletos.
Completar-se de vários, diversificados,
Antagônicos e inusitados momentos,
Formando um novo ser.

Ser o único e inteiro é quase uma Utopia
Onde nós, pobres gregos sonhadores,
Procuramos tanto algo que nos complete
Que esquecemos de nos completar de nós mesmos
Para que assim, a nova face tenha o encaixe perfeito
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

                      ....

segunda-feira, 22 de março de 2010

Isabel - 2

Eram 7:00h e o computador
Ainda estava ligado.
Chovia lá fora.

Sob o mármore branco
Jazia a bela rosa vermelha,
E ele, sentado em sua cadeira,
Deleitava-se ao ver as pétalas
Flutuarem devagar até o chão.

No chão, o sangue, já se separando do plasma,
Traçava um caminho sinuoso, como
Um rio, um rio de dor, agonia,
Sofrimento, um rio de sangue.

A nascente desse rio vinha
De uma bela mulher caída
No chão.
Os cabelos em sua face cobriam-lhe
Os olhos, que já sem vida, tinham
Visto o rosto do homem que, sentado na cadeira,
Deleitava-se com a cena.
Sua pele era branca.
Seus cabelos eram cor de terra.
Seus olhos eram sem vida.

Os minutos se passaram
E eu não conseguia me
Levantar do canto daquela sala.
Eu não tinha forças.
Minha voz havia sido roubada.
Meus movimentos, privados.
Mas havia uma voz que saía
Da mulher caída no chão.

"Lindo não é?" - ela dizia.
E ria, com uma voz de sino suave.
Nesse momento, a sala encheu-se de
Um frescor cítrico, e um gélido arrepio
Percorreu minha orelha, beijou meu nódulo
E sussurrou baixinho... "Isabel".

Mais uma vez me acordei suado,
Sem conseguir respirar.
O cheiro forte de sangue ainda
Jazia em meu quarto.
Dessa vez não haviam motivos para rir.

...

HAHA' Eu beim que disse que
seria um bom começo pra uma história !!!   :D:D:D

Até a próxima!! :D

quinta-feira, 18 de março de 2010

Isabel

- É, é. Você está certa. - eu digo.

- Ah! sem contar na fila que você tem que enfrentar...
Nossa, faz você perder a vontade... - alguém diz sistematicamente na cadeira de trás.

- É, tem razão. - eu continuo a conversa, mesmo sem
saber com quem estou dialogando.

- Me diz o nome deles? - a voz me pede.

- É, me diz o seu pra eu poder apresentar vocês.

Então, sinto um leve frescor cítrico se aproximar,
Junto com uma respiração ofegante e quente ao
meu pescoço.
Seu gélido nariz percorre minha orelha e sussurra baixinho... "Isabel". Eu não entendo, e mais uma vez a voz sussurra... "Isabel". Fico tão desnorteado que peço uma terceira vez... "Isabel". É o que me vem ao ouvido. A pessoa ria.

- Lindo não é?

E antes que eu pudesse olhar para trás,
Tudo se transformou em fumaça.

"... Isabel..."
Foi como mostrar a água a alguém que deseja
Saciar-se no sol do deserto, mas eu não sabia o por que
Aquele nome tinha me causado tal reação, aliás, por que
Tal ação me era tão desejada.

"...
seu nariz percorre o caminho da minha orelha
e sussurra Isabel bem baixinho, beijando suavemente
o nódulo da minha orelha ao terminar de dizer o nome
daí não vejo seu rosto e esse ser misterioso some em meio
a fumaças...
                                                                    ..."
Desperto então do sono no susto do momento
E eu ainda podia sentir sua respiração ao meu ouvido
E seu gélido nariz em minha orelha, sua boca ainda a sussurrar
Isabel.
Eu ri ao me acordar, aliás, não no mesmo momento
Porque eu passei meia hora buscando explicação
Coerente, não para o sonho, mas para esse nome..   ISABEL.
Não havia nenhuma lógica nisso...
Era um sonho. Só um sonho. Foi isso que me fez voltar a dormir.

Sonhos funcionam como uma premonição,
Seja ela de um futuro distante, como de um 
Presente corrente. Sempre têm uma lógica,
E eu estaria disposto a procurar por ela.
                             ...

Bom dia!!!
HAHA' sério, eu realmente sonhei com isso...   :S:S:S
O bom de tudo é que é caminho pra uma bouua história neah..
O mistério de Isabel...   kkkkkk'

Voltando com carga total.
Em breve mais postagem!
Bjbj!


É engraçado como sinto a necessidade de voltar
A escrever, quando o que eu escrevo é o que eu sinto
E no momento eu não sinto nada.
Seria bizarro se não tivesse mais palavras pra expressar
Minhas emoções que me movem a cada instante...
Seria como pedir pra um árbitro não falar de futebol.

O que eu quero dizer é que não a caminho sem volta,
Embora qualquer um deles dê na "budega"..
Eu por mais que você se afaste, um dia você torna a voltar...
Que por mais que fuja, que não olhe pra trás, que não se arrependa,
O passado, assim como antigas paixões e vontades, é bicho teimoso
E torna a aparecer mesmo quando você não  mais o teme.


Por Jonas Alves.