segunda-feira, 28 de junho de 2010

Ninguém nunca está só.

Eu não tenho muito tempo,
Então serei breve.

Tenho observado você dormir todas as noites
Desde que aqui cheguei e encontrei você,
Sempre só, sempre só. Assim como eu.
Era tarde de novembro quando olhei-te pela
Primeira vez debaixo das árvores no parque,
Lendo romances, romances com os quais sempre
Sonhou um dia estar presente como personagem principal.
Pena o seu par estivesse sempre com máscaras.
Nunca teve um rosto, talvez porque ele nunca tivesse existido.

Às vezes,enquanto dormes, lágrimas rolam por seu rosto.
Talvez sejam frutos de um sonho ruim, ou até mesmo de
Uma lembrança de algo que não aconteceu.
Então, cuidadosamente, seguro a manga de minha camisa
E suavemente enxugo uma a uma.
Suavemente sua expressão muda. Agora sei que
Não tem mais pesadelos.

Todo esse tempo tenho acompanhado você
Aonde quer que você vá. Eu sei que você me sente
E sei que fica feliz por não se sentir só.
Mas eu queria mais que isso.
Queria poder te dar o abraço que tantos negaram,
As flores que sempre murcharam antes de te verem,
Ser o motivo de suas risadas tão já cobertas de poeira.
Ser o amor tão desejado nas lembranças de seu quarto.
Queria que você apenas pudesse me ver.

Pena nada seja tão fácil.
Pena dois mundos, dois extremos tão diferentes
Nos separem agora e, talvez, para sempre.
Mas se você realmente pode me sentir,
Sabe que nunca deixar-te-ei em meio
As sombras da escuridão dos dias
Que se seguem enquanto não posso ter você.

Estarei aqui enquanto você permanecer aqui.
Amarei você enquanto você puder me sentir, e
Sei que sente.
Partirei enfim quando já não mais restar traços
De sua existência, e que isso não aconteça, pois
Não ha vida se não respiras,
Não ha alegria se não sorrias,
Não há anjo se não há protegido,
Não haverá amor se tiveres partido.

E assim, encerro meus desejos para ti.
O jasmim que sentes agora
Vem do jardim que plantei lá fora;
A ventania que passa vem dos muitos
Beijos que mandei.
E se chove lá fora,
Sou eu que choro de felicidade por saber que me amas.

....
Por Jonas Alves

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O maravilhoso risco de amar


De tempos em tempos,
Encontramos alguém para quem
Destinamos todas as cartas de amor,
E como já dizia o poeta...
“– Todas as cartas de amor são ridículas” (...)

Assim, passamos boa parte de nossas vidas
Debruçados nas janelas das altas torres
De cartas de amor do nosso imenso
Castelo intitulado Ridicularismo,
Na espera de que algumas dessas sejam
Respondidas, ou ao menos lidas pelos destinatários.

Um dia acordamos e, ao olhar por essa janela,
Vemos-nos tão perto da certeza de uma resposta
Que até esquecemos que o amor não é digno e todos,
Ou melhor, que nem todos são dignos do amor.
Em outros dias, as colinas estão distantes demais,
As nuvens altas demais, o quarto pequeno demais,
Que pensamos em não amar mais.

Porém, quando se ama uma vez,
Por mais rápido que seja, ou qualquer coisa que seja,
Não se esquece jamais.
O amor é uma droga, que deveria ser proibida,
E mesmo assim, não adiantaria.
Pagaríamos o preço que fosse por correr
O maravilhoso risco de amar.

Alguns amores vêm como o
Vento do leste em noites quentes de verão;
Outros vão-se como a chuva que desce colina abaixo;
Têm ainda os que vão e vem como
O dia e a noite; ouros insistem em mudar como as estações.
Cada um possui sua particularidade, seu momento,
Mas todos são iguais: são amores, indesejáveis e ainda sim maravilhosamente amores.
E com o tempo aprendemos que por mais que se deseje
Matá-lo ou esquecê-lo, de nada adianta. Só o esforço para
Não pensar, nos lembra que temos que esquecê-lo.
Matá-lo, “hum”, por mais que se mate um amor
Ele surge ainda mais forte e com argumentos que
Nos deixam sem respostas, que limitam nossos atos
Que nos permite roubar um beijo, que nos amolece a carne
Que nos rubram as faces, que esquentam nossos corpos,
Que... que... que..

Aqui, encerro esta minha carta repleta de parágrafos que,
Como tantos outros que já escrevi, são ridículos.
Cartas de amor são ridículas, como já dizia o poeta.
E ainda assim estamos destinados a passar nossas pobres vidas
A escrevê-las a cada dia que se passa.

                                     ....

Por Jonas Alves.

sábado, 12 de junho de 2010

Isabel - 3

A música vinha de uma sala vazia
A não ser pela presença de um belo piano de cauda
De mármore branco como a neve.
A melodia era triste, mas o son era
Doce ao ponto de embreagar-me como um copo de vinho.

Cada nota ficava mas grave a medida que
Eu me aprooximava da porta.
Ao entrar na sala a música parou.
Não conseguia ver que tocava
Pois estava tudo muito claro com a luz
Do sol que entrava pela imensa janela de vidro.

Então, a música voltou a tocar do exato ponto
Em que parara, como se o tempo de
Silêncio fosse o suficiente para
Reconhecer-me.
A medida que eme aproximava mais do piano
Começava a destinguir as formas no claro da luz.

A bela jovem que tocava divinamente
Clair de Lune usava um lindo vestido branco
E sapatos vermelhos cor de sangue.
Seus cabelos terrosos balançavam assim como a cortina
Balançava com o vento.
Ela sorria ao me ver reencostado na grande porta.
Seu sorriso era magnífio, e a deixava ainda mais bela.

Tudo estava em perfeita sincronia: Eu, Ela, o Piano.
Até que as notas ficaram mais graves e
A sala começou a girar.
As luzes piscaram e a neblina tomou conta de tudo.

Quando dei por mim, a linda jovem
Estava em minha frente com a mão estendida em minha direção.
-" Venha, quero lhe mostrar quem sou.
Você precisa me conhecer para poder me ajudar".
A linda jovem já não era tão linda assim.
Seu rosto e vestido respingados de sangue.
Seus olhos sem nenhuma expressão.
Peguei sua mão e segui com ela pela sala iluminada.

Com o passar dos dias, os sonhos
Com a linda Isabel ficavam mais expressivos,
Assustadores e rotineiros.
Agora, estava mais do que claro que ela
Queria minha ajuda para algo.
Só não sabia se eu estava realmente disposto a isso.

                               ....

Por  Jonas Alves.